Venho atendendo diversos de crianças menores de 10 anos que tem apresentado ansiedade e medo de permanecer na escola.
Algumas vezes o medo aparece no dia anterior a escola. Daí a criança tem dificuldades para dormir, pergunta diversas vezes sobre o dia seguinte, apresenta resistência a conversar sobre escola ou sobre tarefas escolares. Outras vezes, a criança se dispõe a ir, tenta se preparar, mas não consegue sair de casa ou permanece um tempo abreviado na escola.
Acredito que o primeiro passo é tentar conversar com a criança, mostrar empatia, adotar postura de acolhimento. Não existe uma idade definida para isso, mas os menores de 5 anos costumam ter dificuldades em explicar fatos ocorridos ou relação temporal dos fatos. Os mais grandinhos normalmente conseguem explicar melhor o que estão sentindo e onde está a dificuldade em frequentar a escola.
Outro passo importante é comunicar a escola o que está acontecendo. Deve-se atentar sobre a postura da escola, se há disponibilidade para conversar sobre o aluno, se a escola acolhe as queixas da família, se a escola percebe e conhece particularidades da criança em questão. A postura do profissional da sala é de suma importância.
Muitas vezes, com bastante carinho, acolhimento e paciência da família, o medo se esvai gradativamente e a criança retorna ao padrão habitual de frequentar a escola. Para os pequenos, é bastante comum apresentarem alguma resistência por alguns dias. Mas do mesmo modo que a resistência aparece, ela tende a ir embora.
A atenção fica para aquelas crianças que não conseguem superar o medo, levando a faltas e distanciamento escolar. Acredito que essa situação está mais comum nos dias de hoje em reflexo a epidemia e ao isolamento social. Não é à toa que muitas dessas crianças com medo exacerbado e com prejuízos associados tiveram histórias difíceis nesses dois últimos anos, como entes queridos que faleceram, pais que perderam renda ou próprias doenças respiratórias pregressas.
A resistência ou o medo de ir escola é comum por alguns dias, principalmente nas crianças menores de cinco anos. Porém caso não haja melhora desses sintomas, associado a prejuízos na criança e família, deve-se ligar um alerta sobre a possibilidade de buscar ajuda em saúde mental. A escola certamente deve estar ciente das dificuldades. Nessa condição de prejuízo, deve-se buscar profissionais da saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra infantil.